Passada uma semana desde o sismo que abalou o Haiti, ainda não são conhecidos números concretos e fiáveis de vítimas mortais. Por toda a parte vêem-se cenários de destruição e de sofrimento dos que sobreviveram à catástrofe. Ainda hoje são retiradas pessoas com vida dos escombros. Hoje foi resgatado um bebé de 15 dias, que passou metade da sua curta vida debaixo de escombros e sem comer ou beber. E resistiu.
A ajuda humanitária tarda em chegar aos que mais dela necessitam. Em parte devido ao difícil acesso às zonas afectadas mas, também, talvez devido a alguma ineficácia daqueles que estão a comandar as operações no terreno. Os problemas de segurança também fazem parte da equação. Os haitianos que sobreviveram vêem-se num aperto de fome e medo de mais sismos (as réplicas não têm parado e ainda hoje hove uma que atingiu os 6.1 na escala de Richter) e são como que impelidos por instintos de sobrevivência, a arranjar água e comida custe o que custar. Claro que também há aqueles que se aproveitam do caos para pilhar tudo o que conseguirem, com o intuito de lucrar com isso. Assistem-se a cenas em que gangues organizados pilham lojas e supermercados, armados com paus, facas, ferros e pedras. E depois vêem-se pessoas que não têm o que comer nem onde dormir a serem obrigadas a comprar alimentos a esses gangues.
Mas nós, que estamos deste lado, a assistir a tudo isto confortavelmente sentados no nosso sofá depois de um belo jantar, não podemos ficar indirefentes. São pessoas como nós que precisam de ajuda. Podíamos ser nós a precisar de ajuda.
Em Portugal já foram lançadas algumas campanhas de ajuda às vítimas do sismo no Haiti. Visam angariar fundos para as organizações de ajuda humanitára que têm missões no Haiti. E nós temos o dever de as ajudar. São elas, ou os voluntários que com elas trabalham, que lá estão, no meio do caos, a trabalhar dia e noite para auxiliar o povo haitiano.
Mas podíamos fazer algo mais do que uma transferência bancária no Multibanco. Podíamos promover iniciativas de angariação de fundos, para ajudar ainda mais. Infelizmente, não tenho visto ninguém, ou quase ninguém, a discutir e promover ideias. Escrevi a todos os clubes da Superliga de futebol, sugerindo a doação das receita de um dos jogos a uma das organizações de ajuda humanitária. Nenhum me respondeu. Apesar disso, Benfica e Sporting já se mostraram solidários e promoveram iniciativas de angariação de fundos. Escrevi, também, a dua produtoras de espectáculos sugerindo a realização de um concerto de solidariedade, com a presença de artistas portugueses. Também ninguém me respondeu.
As redes sociais têm tido um papel muito importante no meio disto tudo. Em cada minuto surgem apelos de ajuda, casos concretos de pessoas que necessitam de água, comida, cuidados médicos. Ou que estão ainda soterradas. Esses apelos são transmitidos por quem tem acesso às redes sociais. Quero aqui exaltar o trabalho que tem sido feito pelo Carel Pedre (@carelpedre), um conhecido apresentador de televisão do Haiti, que tem feito chegar ao Twitter muitos apelos, pelo Pierre Côté (@pierrecote), que tem mantido uma webcast em directo a partir do Canadá, de onde difunde (também pelo Twitter) apelos vindos directamente de haitianos que com ele têm falado. A empresa Multilink Haiti (@InternetHaiti) também tem estado na linha da frente no Twitter, com a divulgação de informações de pedidos de auxílio. Eu tenho estado a acompanhá-los e a divulgar os seus apelos. Tenho acompanhado, também, a hashtag #Haiti e a divulgar as informações e apelos que me parecem fidedignas (nem todas o são).
Deixo-vos com uma lista de algumas organizações de ajuda humanitária que têm campanhas de angariação de fundos. Podem obter informações sobre como fazer os donativos nos respectivos sites oficiais:
AMI
Cruz Vermelha Portuguesa
Oikos
UNICEF Portugal
Cáritas Portuguesa
Também podem ligar para a linha de solidariedade da PT/TMN. O número é o 760 206 206 e a chamada tem um custo de €0,60 + IVA, que reverte na totalidade para organizações de ajuda humanitária. Ou mandem um SMS para o número 61906.
Mas podem fazer mais. Usem as redes sociais (Twitter, Facebook e outros) para dar ideias (e concretizá-las também) de iniciativas para promover a angariação de fundos. Escutem os pedidos de ajuda, divulguem-nos e, se estiver ao vosso alcance, ajudem vocês mesmos. Incentivem outros a fazer o mesmo. No vosso círculo de contactos, no emprego, na vossa zona de residência.
Façam alguma coisa. O povo haitiano precisa de nós.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário